sexta-feira, junho 13, 2008

Sentado



Estou sentado. Sentado numa cadeira numa ponta da sala, numa sala vazia.
Olho para as paredes brancas da sala e o seu branco faz-me lembrar o branco da espuma do mar…ou será o branco da espuma dos dias?Espuma dos dias?
Sim, aquela espuma que faz com que os dias sejam sempre iguais e sempre monótonos, sempre a mesma repetição de rotinas que nos fazem desesperar por algo mais, por algo de diferente, fora do vulgar.
Levanto a cabeça e oiço lá fora o canto dos pássaros. Vou à janela e cada passo que dou parece o bater das horas do relógio da casa. Olho para fora e perscruto o horizonte à procura dos responsáveis do fim do meu torpor físico e mental mas…nada.
Triste, atravesso a sala vazia e olho de novo para as paredes brancas que parecem ainda contar sons, cores e cheiros de bailes e festas que animaram a vida desta casa. Fecho os olhos e imagino tudo isso: o rodopiar das notas de música pelo ar, a constante flutuação dos corpos a um compasso ritmado, as cores dos vestidos que me entram pelos olhos dentro como se fossem uma torrente de água fresca e os cheiros que me invadem o nariz com tal suavidade que pareço levitar no meio deles.
De repente o telefone toca. Olho lá para fora e as gotas de chuva, que escorrem pelas vidraças, choram…

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