Constança

A situação pela que Constança estava a passar não era virgem na vida dela. Durante vários anos teve de ser fisicamente nómada, por curtos ou longos períodos. Mas também foi nómada na alma, sempre em constantes deambulações dentro dela, sem nunca encontrar as respostas que queria às perguntas que fazia. Aliás, se calhar, esta viagem era mais uma deambulação, mais uma procura de repostas. Será que as iria obter desta vez?

Pelo meio de todos estes receios, ao olhar através dos grandes vidros da sala de check-in para o avião à sua espera na pista, apenas uma coisa lhe vinha à cabeça. Uma frase de Fernando Pessoa que lera em tempos, que dizia só isto: “Cheio de Deus, não temo o que virá, pois, venha o que vier, nunca será maior do que a minha alma”.